Autor(a) principal: FRIAS, Rafael Pena Cerqueira
Resumo: A atividade de auditoria interna constitui um instrumento de auxílio ao alcance dos objetivos organizacionais. Nesse contexto, na medida em que oferece subsídios para a tomada de decisão dos gestores, também assegura a proteção deste próprio agente, tendo em vista a responsabilidade que lhe é conferida por administrar o patrimônio público. Por conseguinte, para a sociedade, os resultados dos trabalhos de controle também funcionam como um mecanismo de proteção, neste caso, da sobreposição do particular em relação ao público, agindo, assim, em favor da eficácia e da eficiência das entregas à população. Todavia, em que pese essas vantagens, um documento elaborado no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco revela que, nesta organização, existe um passivo de mais de mil demandas de auditoria interna, a contar do exercício 2014 ao início do ano 2021. Trata-se de um fato preocupante, pois coloca em risco uma cadeia de interessados, a começar pela sociedade. Diante do exposto, este trabalho procurou compreender, com base nos posicionamentos dos auditores e gestores da referida instituição, os motivos para a baixa efetividade – não implementação das recomendações. Para tanto, definiu-se que a estratégia metodológica mais adequada passaria por uma abordagem qualitativa, tomando como norte a perspectiva descritiva, mas, também, explicativa, além de utilizar como enquadramento as tipologias documental e estudo de caso, em função dos procedimentos técnicos adotados. A execução dos exames revelou que a motivação para a baixa efetividade das ações de auditoria não diz respeito somente a um ou dois aspectos, mas, a um conjunto de trinta e três fatores (causas), os quais foram distribuídos em oito categorias distintas, a saber: atributos, estrutura, gerenciamento, planejamento, política, processos, relacionamentos e resultados. Adentrando em tais agrupamentos, destacam-se os seguintes fatores, sem extinguir a validade dos demais: “formatação organizacional” e “processos de trabalho não padronizados/observados”, ambos na categoria “processos”; “perpetuação do gestor” e “questões políticas” de um modo geral, os dois pertencentes à classe “política”; “ausência de manifestação”, “monitoramento não realizado pela Audin” e “baixa frequência do monitoramento pela Audin”, estes últimos relacionados à família do “gerenciamento”. Os resultados também apontaram que algumas dessas causas são percebidas apenas por um lado dos sujeitos, a citar como exemplo, a partir das posições dos auditores, “convivência entre auditores e auditados”, “falta de planejamento da gestão”, “inadequação do escopo de auditoria”, entre outras. Já no campo dos gestores, citam-se “resistência à imagem da auditoria interna”, “complexidade do relatório”, “embargos processuais” etc. Por derradeiro, além contribuir para o entendimento dos motivos que levam à baixa efetividade das demandas de auditoria interna no Instituto Federal de Pernambuco, a pesquisa também mostrou ser útil para alavancar novos estudos, a tomar como exemplo a possibilidade de outros pesquisadores investigarem os possíveis direcionamentos para promover o tratamento dos fatores negativos aqui relatados e assim oferecer parâmetros de atuação, que, inclusive, poderão ser observados na condição de alerta/modelo por outras instituições federais de ensino.